domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um poeminha

PONTEIO




Os olhos tocam primeiro,
mas as palavras por fim.


Mas as palavras repousam,
e os olhos devem seguir.



Os olhos sabem primeiro,
mas as palavras recolhem.


Mas as palavras não colhem
do campo o que os olhos colhem.


Os olhos querem o tempo,
mas as palavras já têm.


Mas nas palavras não cabe
dos olhos esse não caber.

 
Os olhos olham as palavras,
mas as palavras entoam.



Mas as palavras retornam
e os olhos nascem além.



Entre olhos e palavras
não fique ânsia ou vagar:


distâncias mudas e cegas
tocam-se, para ver cantar.


(Alcides Vilaça – Viagem de Trem)