quinta-feira, 7 de junho de 2012

O amor deixa marcas

      Já diz a música: "O amor deixa marcas que não dá pra apagar". Sejam boas ou ruins, o fato é que as marcas se enraízam nas nossas lembranças. Hoje assistia ao DVD de Santanna o cantador e esperava por determinada música. De fato ao ouvi-la não contive as lágrimas. A letra dói como se me machucasse da mesma forma quando ela fez sentido pela primeira vez:


         De fato você vai percebendo aos poucos o quanto (ou a forma que) amou alguém a partir desses índices. Sofrer pelas marcas não te põe em posição de ainda amar, mas lhe confirma aquilo que o amor é capaz de deixar. Apenas um amor de verdade. Dizem a boca pequena que para sentir-se em um amor verdadeiro é preciso sofrer profundamente. Pois leitores, eu tive um desses em que sofri até perder as forças para continuar o sofrimento.
           Acredito que passei um bom tempo amando, em algum momento acreditei que ninguém seria capaz de penetrar tanta felicidade no meu coração. Mas tenho uma teoria: quando tudo estiver perfeito, prepare-se porque você vai levar um daqueles caldos que te põe na beira do mar engolindo água salgada, areia e sargaço. No meu caso, até estrelinha do mar teve espaço no meu estômago. Foi uma daquelas lapadas difíceis de esquecer. Dessa me lembrarei sempre. 
        Mas não é bem disso que pretendo falar, a ideia é falar das marcas. Isso! Das marcas que ficam. Pois, ficaram algumas marcas saudosas, algumas brincadeiras bobas que me entornavam um sorriso no meio do dia cansativo; aquela voz de criança que apenas você é capaz de fazer um marmanjo de 1,80m fazer pra você ou daquela confeitaria que você ainda não teve a coragem de pisar lá depois do fim.
      A paradinha do "Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim" é verdade. Não há como não ficar. Digo isso porque cada pessoa que foi um dia protagonista da minha vida deixou sua fatia do bolo: alguns apenas a cereja, outros o recheio, tantos a massa crua do bolo. O fato é que fica um pedacinho que não dá para eliminar.
       O tempo ajuda a eliminar o som da voz, o número do telefone, a briga boba, mas não leva de vez a pessoa. Cada um que passa por nossa vida deixa sua marca, machucando ou ajudando a reconstruir seu coração. As marcas podem se expressar num sorriso de lembrança ou numa lágrima de desgosto, como aconteceu comigo hoje. 
       A parte boa é que, mesmo por lágrimas, é possível se sentir viva, saber que se viveu uns amores e que ainda se viverá outro, outros, nenhum, alguns ou muitos. Ah! E depois disso tudo fico pensando: já deixei marcas também? Alguém chora de desgosto quando ouve alguma música pensando em mim? Só o coração marcado esconde bem esse segredo.

domingo, 27 de maio de 2012

As marcantes dos filmes

        Como no post anterior falei de músicas de seriados que gosto, aqui vão as que mais me marcaram nos meus filmes. A primeira música é da banda Verve e trilha um dos filmes que mais gosto. "Cruel Intentions" (Ou Segundas Intenções) foi um filme que marcou minha adolescência. Eu me fascinei por Sebastian e seus joguinhos - que mais tarde seriam inspiração clara de Blair, Serena, Chuck e Nate em Gossip Girl (É só conferir a primeira temporada da série que rapidamente você se identificará com o filme):
 
    
        Ao contrário do que muita gente pensa, o filme Dirty Dancing é mais do que “(I`ve had) The time of my life”. Tenho um cd com a trilha completa e nem sei dizer qual a melhor. Indico a abaixo porque estou numa vibe mais light hoje:
  
       Clássico dos anos 80, adoro esse filme e o romantismo da mocinha operária que se apaixona pelo patrão. A parte boa daquela época que tinha mais inventividade e charme do que as suingueiras que compõem os hits de hoje, a exemplo do ‘a mulher do patrão’:
          Outra mimosa é a Kiss me, da Sxipence None, conhecidíssima pelo 'Ela é demais' que vez ou outra está rolando nas tardes da Globo. O que me encanta nesse filme + trilha é a pureza do mundo colegial (que não existe mais, acreditem!). Quem nunca assistiu a esse filme jurando ser a própria  Laney Boggs ?:
  Gostaria de fechar com um filme lindo e música mais ainda. Vale a pena ver The Lake House e escutar somewhere only we know:
   

terça-feira, 22 de maio de 2012

Das séries para o blog!

             Hoje o post será mais light. Andei escutando umas músicas legais por esses dias e uma dessas grudou na minha mente. Não conhecia a banda ainda. Por acaso estava assistindo ao final season de 90210 e na horinha que Dixon bate o carro e Adriana sobe no avião (aqueles instantes finais crueis de fim de temporada - que particularmente não deixou a desejar) começa a tocar a música. Tentei escutar o que ela dizia, pus a letra no google e achei. Dias depois assistindo ao fim da 5ª temporada de Gossip Girl a música aparece na cena final também.
                  Depois de escutar uma vez não consegui mais não escutar. Rola pra vocês aí duas versões: a original e a acústica. Gostei de verdade de Fun!

 

     Ainda na onda das musiquinhas-chiclete eu curti bastante uma de Train (tudo banda nova pra mim gente!) que também me foi apresentada em 90210. Adoro seriados que contemplam músicas na minha vibe e esse consegue:


     Tem outra série que acompanho há 4 anos mais ou menos. Gossip Girl. Para mim uma das melhores trilhas, então vou passar algumas das músicas que mais me marcaram nela. Primeiro B.o.B.:

 
Sia também é carinha nova para mim. Essa cena clássica com "I'm here" me rendeu uns 5 minutos de choro.

 

      Por último o seriado que mais me marcou: The O.C. Algumas músicas trago até hoje comigo. Essa versão de "Forever Young" com Youth Group barra qualquer outra:
 
  
Jem também bombou nessa versão de "Maybe I'm amazed". Muito triste quando Ryan tem que se despedir pela primeira vez de Marissa Cooper:

 


domingo, 20 de maio de 2012

Carnaval + Os mais mais da net

         Tá gente, quem me conhece sabe o quanto eu gosto desses vídeos bizarros do cenário musical brasileiro. Acho que eles revelam uma parte do que a cultura de massa oculta. É desses vídeos que nasce o que alguns chamam de subcultura das periferias. Acho preconceito agregar o que está fora do eixo enquanto subcultura. Toda forma de expressão musical é válida, mesmo aquelas que agridem a moral, porque delas provém a mais fina sensibilidade dos trópicos. (Ok, tô me sentindo Caetano Veloso falando).
         Acontece que fiz uma seleção de vídeos que alguns consideram bizarros e outros a mais fina flor da fuleragem. Tudo começa com meu carnaval. Fui passar na casa da família do meu pai, no interior de Pernambuco, e lá conheci uma diversidade musical que me deixou um tanto perplexa. Se resumiu a isso:


Como minha avô achou que foi meu carnaval
Como meu pai achou que foi meu carnaval com a família dele

Como minha mãe achou que foi meu carnaval sob influência da família do meu pai
       
Como meus alunos acharam que foi meu rico carnaval
  
Como meus amigos acharam que foi meu carnaval
Enfim, como realmente foi meu carnaval no vídeo 1 dos top da net:

   O próximo vídeo vai para os amantes da cabuetagem. A banda Lapada se amostra e se garante na garantiragem:

   Por fim o top do momento que não sairá da sua cabeça:


sexta-feira, 18 de maio de 2012

São João dá Depressão!

       Indignada é pouco! Já viram a programação do "MAIOR" São João do mundo? Campina e sua mania megalomaníaca está indo de mal a pior. Além do atraso fatal (quando todas as outras cidades já divulgavam suas programações) a nossa linda cidade nos apresenta um São João fraco e notoriamente falido. Quem esperava a tradicional abertura com Aviões do Forró quebrou a cara, nem abertura nem encerramento. Está certo que ao menos uma dentro o secretariado deu colocando Flávio José, mas aviso logo que os acertos foram pouquíssimos. Conta-se nos dedos um artista de qualidade como Zé Ramalho ou Santana O cantador. Para por aí. Dessa vez Veneziano não nega seu caso de amor com Calypso (que me poupe, não tem NADA de forró) ou a devoção por Magnífícos (apesar de boa a banda já esteve na inauguração do Parque do Povo e muito provavelmente apresentará o mesmo show).
       Cadê Sirano e Sirino e suas botinhas brancas cantando "Mulher ingrata e fingida"? Alceu Valença com sua irreverência e sua "Belle de Jour". Fagner com "Quem é rico mora na praia" balançando os esqueletos das senhorinhas que não perdem um show dele. Geraldo Azevedo e "Petrolina-Juazeiro". Limão com Mel há tempos aposentado, no mínimo briga de empresários (lembro dos banho de chuva que tomava dançando a noite toda aquele forró romântico).
       Para terem noção da falta de noção o apaixonante dia 12/06 será aos braços do nosso artista local consagradíssimo: Alexadre TAM. Esse mesmo! Não se assuste se Rogério Freire ou Celino Neto for o anfitrião da noite. Na mesma semana, dia 15/06, teremos Renata Arruda, porque ela é a forrozeira do momento nér?
       Aí como sou curiosa corro para a programação de Caruaru e gente, estou propensa a ser nova fã do São João pernambucano. Apenas terá Mastruz com Leite, Flávio José, Limão com Mel, Petrúcio Amorim (confere aqui http://www.caruaru.pe.gov.br/unoticia/programacao-do-sao-joao-2012/ ). Dessa vez digo: quer vir pro São João de Campina? Vá pro de Caruaru ou de Petrolina ou de Arcoverde. Todos estes têm programações superiores.
     O prefeito da nossa amada Campina não se deu ao trabalho de ao menos disfarçar a grana que está guardando para sua campanha. Muito bem, meu caro, economize agora e gaste comprando voto! É desse jeito que funciona. O fato é que eles sabem que está tão ruim a programação que foram corajosos ao admitir e colocar um * no fim da programação com os seguintes dizeres: SUJEITO À ALTERAÇÕES. Aposto que a programação da pirâmide está melhor!!   
Foto de arquivo pessoal
      Quem for corajoso de querer sair da sua cidade para cá confiram a programação: http://saojoaodecampina.com.br/parque-do-povo/
      É isso, meu São João a partir de agora também está sujeito a alterações. Aceitos sugestões para correr dessa cidade este ano. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

        Bem gente, tava futucando vídeos antigos e encontrei algumas relíquias. É isso mesmo, eu sou uma rockstar frustrada. Em 2005 tive uma banda de rock chamada Dimorphobia. Era minha diversão. No início eu iria entrar com a guitarra, mas Ricardo ficou na base e como éramos péssimos nunca conseguiríamos tocar com três guitarras. Então fui pros vocais femininos (acho que agora todo mundo sabe porque a banda não deu certo, né? kkkkk).
          Nessa foto estavamos indo para nosso primeiro ensaio:
             Ricardo, eu, Thiago (hoje vocal do 'Mentes Mutáveis" http://www.youtube.com/watch?v=cqWGMhXFxcE&feature=relmfu <<< um dos shows deles que fui a gostei bastante), Silvino e um pedaço de Derek.

 Derek e eu
 Nossa primeira a única apresentação em público, no Shopping Cirne Center. Acho que deveríamos estar cantando "Balão Mágico" ou "A mais pedida".

 Mais um dos nossos ensaios. Disto eu sinto muita falta!

Abaixo seguem os links dos ensaios. O áudio é péssimo, mas dá pra ouvir a diversão da gente. Aos que acreditam que vão descobrir como canto ruim aviso logo que nem dá pra ouvir minha voz HA!

A mais pedida

Balão Mágico : http://www.youtube.com/watch?v=dgS7FbD3N9s
Basket Case: http://www.youtube.com/watch?v=lA2J1jqJzv4
RPM :http://www.youtube.com/watch?v=o738B-I7h4Q
Ida ao ensaio: http://www.youtube.com/watch?v=qjedqs3QBgo

É isso gente, podem rir. Todo mundo já foi adolescente, não é?

domingo, 13 de maio de 2012

Um espaço dentro de mim

        Hoje tive a notícia de que Felipe morreu. É estranho quando alguém da nossa idade morre, sobretudo se foi por motivos de saúde. Diante disso eu quis alguém para conversar. Conversar é algo essencial na minha vida, como deve ser comer ou dormir para você que me lê. Mas não havia ninguém. Eu detesto sobrecarregar as pessoas com meus problemas, por isso faço o tipo "Escuto todo mundo a qualquer hora e ainda tento buscar uma solução". Mas para o meu ninguém vai ter solução, essa é a impressão que tenho.
      A única pessoa com quem gostaria de conversar e que me entenderia está longe e nem deve saber o quanto quero conversar. A distância às vezes ultrapassa o espacial, percebi isso hoje. Quando não te captam, quando não sabem o quanto você precisa daquela voz para te acalmar, isto também é distância. Acho que hoje vivo dessas duas. Particularmente me sinto só.
         Andei buscando analisar minha vida nessas últimas semanas. Só saio de casa em situações extremamente necessárias, há dias em que não vejo a cor do sol, do quarto para o quarto de estudos e só. Faz tempo que não sei o que é conversar com um amigo pessoalmente. Faz tempo que não ganho um abraço, um beijo. Faz tempo que não corto o cabelo, nem pinto as unhas. Não lembro da última vez em que fiz as sobrancelhas. Há dias perco minhas aulas de dança. Terei sorte de não ser reprovada no inglês.
        Não me reconheço. Há um espaço dentro de mim que nasce de madrugada e não quer morrer mais.

terça-feira, 8 de maio de 2012

U.U

         Hoje comentei com meu pai sobre como a gente se acostuma ao lado das pessoas. Ia passando ali pela Avenida Canal e lembrei de quantas vezes eu passei por lá. Todas as noites saíamos para jantar e geralmente as rotas se direcionavam por essa avenida. Fiquei um tanto pensativa depois de passar por essa rua. Conversei por 10 ou 15 minutos com meu pai sobre. Ele disse que costume é assim mesmo, é difícil desapegar de uma rotina que se tornava prazerosa por ser sempre diferente de alguma forma, mas que apoiava minha decisão, por saber que eu obedecia uma ordem justa de organizar a vida. Percebi certo orgulho dele em relação à filha.
         Cheguei em casa, e por acaso abri umas pastas antigas de vídeos. Eu sei....tenho mania de gravar quando estou com o celular na mão. Herança de convívio com uns dedinhos rápidos que tive a honra de conviver. Então olhando as pastas abri uma que me doeu de alguma forma. Sabe quando você consegue sorrir e chorar ao mesmo tempo? Foi por aí.
              Eu fiquei feliz por perceber que tive momentos felizes e não percebia que esses pequenos momentos me arrancavam sorrisos sinceros. Eu fiquei triste pelo mesmo motivo. Vendo os vídeos eu finalmente entendia aquela dedicatória do livro, eu realmente conseguia privá-lo das máscaras sociais, ele conseguia ser ele ao meu lado. Em fevereiro era uma crise de choro porque queria sobremesa. Eu filmava rindo tanto, era engraçado. Em março era a espera do avião, com Yohanna tomando sorvete, a BR cheia de carros e nosso domingo se fazia nisso: ir olhar o avião passar pertinho das nossas cabeças por alguns segundos. Êxtase! Tinha também a chuveirada e a tremida que imitava tripa seca. Em abril a masculinidade sendo posta à prova enquanto ele comia o gengibre e em outro vídeo as lágrimas escorriam pelos parabéns que um amigo enviou por foto. Em maio era colocando minha prima mais velha para comer hassabi e se rachando com a cara da coitada. Em junho era falando com a afilhada (Só um pouquinho p a p a i) no telefone e seu recado incompreensível de que a guria queria uma maquiagem do padinho. Em julho oscilava-se entre o cover de Luan Santana e seu bundão e olhos vesgos e as filmagens dos roncos infinitos nas tardes de domingo.
              Quando você consegue arrancar uma voz meiga de alguém que demora a sorrir é um prêmio. Parte da minha indignação era essa. Eu deveria me orgulhar por ser a única que conseguia esses momentos, mas isso me angustiava porque acho que coisas boas devem ser divididas com o mundo. Eu não aguento não poder dividir com todos. Rever esses vídeos doeram de alguma forma. Muitos pareciam que estavam sendo vistos pela primeira vez. Tive a sensação de nunca ter vivido aqueles momentos hoje tão distantes.
                 Diferentemente de outros textos esse não tem conclusão, porque ficou um vácuo na mente. Desculpas a quem lê e sempre espera uma daquelas minhas lições engraçadas ou coisas que a gente leva pra vida. Hoje apenas não concluo.

domingo, 6 de maio de 2012

Mães: nem tentem entender!

           Eu costumo pensar sobre como as mães têm ciumes dos filhos. Eu fico olhando aquelas coisinhas pequenas e chorosas que elas seguram. O tempo todo eles são cuidado delas. Anos sem dormir. No início porque a criaturinha divina só chora e requer toda a atenção do mundo. Ela alimenta de seu próprio corpo, dói o bico do peito porque a inocência morde e fere. Ainda assim ela se orgulha e se enche de amor porque alimenta, porque é capaz de ser mais de uma, ela se torna parte do filho e o filho parte dela.
          Por mera observação acredito que esta seja uma função que exige competência no sentido menos jurídico da palavra. Aliás, deveria existir licenciamento e autorização para ser mãe. Quer dizer....pensando bem, a natureza já fabrica dessas autorizações com as edições limitadas da série estéril, não é? Creio que o dedo de Deus deva ser a maquineta que priva algumas mulheres de exercer esse papel fisiológico. Ele bem sabe o porquê.
           Depois os anos sem dormir por conta do choro é previsível que os papeis se invertam. O filho fica acordado (quando sai para as festas), enquanto algumas mães chegam a chorar de preocupação (enquanto ele não chega). O discurso do 'te carreguei 9 meses na barriga' prevalece. Acho digno. Argumento válido, mais usado e mais sólido das mães para validar seu cuidado (nome meigo que elas usam para 'ciúmes'). Afinal o que é passar 9 meses vendo sua barriga numa metamorfose diária?
        Quando o filho cresce a tendência é que ele se torne um elemento autônomo na justa sociedade. Pêêên! Dois erros absurdos: 1º justa sociedade foi piada (rên), 2º um filho nunca será autônomo aos olhos de uma mãe. Para quem ainda não é mãe é mais fácil de entender a parte da sociedade nunca ser justa. Essa segunda parte parece mais complexa de interpretação. Vamos lá, lembram daqueles bichinhos virtuais que quando éramos pequenas tínhamos que alimentar, pôr para dormir, jogar 'pedra-papel-tesoura'?  Por acaso se você deixasse um diazinho sem mexer no seu bichinho ele ainda estaria vivo? Nunca! Pois então, mães se identificam com essa situação. Não importa se o bebêzinho tenha 30 anos, eles não têm autonomia. De preferência elas ainda o cobrem quando moram na mesma casa.
           Talvez você esteja pensando: "Minha mãe não faz isso". Talvez você evoluiu baby. Isso mesmo, não há como ser autônomo. No máximo filhos viram pokemons. Você sempre estará na pokebola da sua mamy. Você pode evoluir, mas sempre estará resguardado na pokebola dela. Acontece que às vezes a equipe Rocket entra em ação e aparece uma Jessie ou um James e rouba a pokebola da mamuska. Saindo das metáforas, queridos, isto demarca aquele momento em que você se borra de medo, mas tem que apresentar seu/sua namorado/a para a dona da sua vida. Nesse momento #TENSO, com direito a hashtag do twitter, você fica com o fiofó na mão. Afinal, é como se dissesse: mamãe vai rolar uma alienação fiduciária onde o bem móvel sou eu. O que a matriarca não vai entender é que obrigação ela tem com essa alienação.
            Normalmente você fica na situação 'entre a cruz e a espada'. Sua mãe passa por uma batalha que pode durar 1 dia, com ela tentando se convencer de que pode 'dividir' a guarda da pokebola e cuidar de você junto com o intruso; ou uma vida inteira (o que é beeeeeeeeeem mais comum), com ela se usando de todas as manobras para retomar seu bem mais precioso.
            Obviamente nem todas são assim, há aquelas em que fingem não ligar como tática. Essas são as mais inteligentes. Os filhos se ligam mais nas que implicam pouco, estabelecem uma relação de dependência maior. Isso me lembra a convivência com algumas mães desprovidas de racional que pude conhecer e umas poucas que eram habilidosíssimas na arte de 'fingir' que estava tudo bem. Essa conversa fica pra próxima...
             No fundo no fundo, mesmo não sendo mãe, entendo essa coisa toda dos ciúmes. Elas têm o direito de opinar, de se sentirem donas. Afinal, foram 9 longos meses dentro das suas barriguinhas...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre amores e pássaros

           Fui lavar os pratos e de repente começou uma música desses forrós meia boca dizendo "Ninguém nunca vai te amar como eu te amo". Fiquei pensando nessa frase que é dita todos os dias por um monte de homens e mulheres. O mais interessante é que a gente sempre encontra alguém que ame mais ou menos, mas realmente ninguém ama igual ao outro. Parece um clichê de criatura safada, mas né não. É uma verdade que tomei para mim.
            Eu amei 'ele' de um jeito, o outro 'ele' de outro e amarei mais um 'ele' de maneira diferente. Isso tudo porque varia a intensidade com que as coisas acontecem. Há gente em que o amor é fraternal, a gente se relaciona por alguns meses e só percebe que o amor era de irmão quando baixa o fogo do desconhecido. Lembro de uma pessoa que eu dizia: o que me prende a você é o mistério de não saber o que se esconde por trás dessa falta de sorriso. Anos depois descobri que não havia mistério, havia ausência de alguém que o fizesse sorrir, coisa tão simples que eu consegui fazer. Mas amei enquanto foi mistério. Amei pessoa e/ou mistério.
              Amei de um jeito menina. Quando eu ainda estava desenvolvendo minhas habilidades de durona. Aí foi mais leve. Foi desafiador. Era o mais inteligente, oia! E eu me sentindo a fodona tinha chegado alguém pra ser melhor que eu. Nunca que eu ia admitir. Foi divertido. Acho que ensinei P.A. e P.G. a quem me ensinaria que sentimento não é marcado em números. Foi uma adolescência que me permitiu crescer. Tinha uma historinha clichê de 'no futuro a gente ainda pode se reencontrar e eu caso contigo' (Foi quase isso). Esse amor previa que eu tinha mais que asas, acho que ele enxergava um passarinho mutável dentro do meu coração. Nessa época eu achava era um beija-flor. Na natureza que procurava não conseguia sentir o perfume de apenas uma flor, então precisei amar outras flores.
              Esse tipo de amor deixou claro porque na vida existe 1º amor, porque virá um 2º, um 3º e tantos outros. Falavam 'Garota, primeiro amor a gente nunca esquece'. Esquece mesmo não, como não esquece os que vem na sequência, porque se esquecer sinceramente é problema de Alzheimer. Como você pode esquecer alguém que você olhou nos olhos e disse um "Eu te amo" (amo tu, mutu, amooo) ou ainda alguém que você chamou de amor, amorzinho com todos os 'inhos' que o mimimi dos apaixonados permitem?

              Aconteceu também de amar de forma mais possessiva, era um amor meia boca, porque parte do princípio de 'é meu e ponto'. Tudo atrapalhava: amigos, família, era um grude infernal. Quando não tava no telefone ele tava na minha casa. Até estudar era na mesma mesa. Cheguei a aprender algumas coisas de criptografia, circuitos elétricos, potência, máquinas, elepote...com o tempo fui vendo que não era normal, manerei. Mas aí rola a lei da ação e reação e tudo se voltou contra mim. Foi uma questão de controle e quando eu vi tava deixando neguinho escolher com que tipo de roupa eu saia, ligando pra saber 'aonde' eu estava e não 'como' eu estava. Foi amor? Por um tempo, foi um jeito um tanto burro de amar, mas não deixou de tipificar como forma, como subtipo. Talvez essa tenha sido a fórmula mais rápida. Esqueci nos 20 segundos do primeiro tempo, inacreditável, não? Fui aqui de beija-flor a papagaio. Desta vez na gaiolinha, sem força para voar.
              Aconteceu de tentar voar, mas o peso do meu corpo era demais. Tantos outros enxergavam uma andorinha, mas eu sempre mostrava quem não estava disposta a voar. A gaiolinha era tão mais confortável. Assim passaram um sem números de apreciadores de pássaros, mas nenhum tinha capacidade de ensinar o papagaio a repetir a palavra mais usada de todos os tempos: Amor.
             Com o passar do tempo fui vendo que enquanto papagaio eu estava agindo como o boneco de lata: à procura de um coração. Nessa busca cansativa eu achei ter encontrado esse coração. Então as penas foram mudando a coloração. Ainda não sabia no que estava me tornando, mas dei um espaçozinho para essa mudança. Comecei a ver uma forma de amar que a gente crê que é 'para todo o sempre'. Claro que sim, até alguém enfiar um bisturi quente no talo do coração. Sem drama, foi um drama. Doeu porque eu tinha me permitido amar novamente e durou tão pouco minha alegria. Acontece que isso me ajudou, porque não quis voltar para a gaiola, com esse 'amar' eu aprendi uma lição valiosa: eu finalmente tinha um coração.
               Saí em busca de intensidade, faltou isso para o beija-flor, para a andorinha, para o papagaio. Até que um belo dia descobri que tipo de pássaro habita na minha essência. Tão óbvio desde que nasci. Vem no meu nome, uma pombinha. Muito possivelmente todos teriam visto em mim essa pombinha, mas enquanto eu não via não conseguia corresponder às tantas formas de amor que recebi. Porque as pombas são fiéis, duram uma vida toda ao lado do parceiro.
                   Acontece que elas sabem desde que nasceram que são pombas, eu não sabia. Saí procurando formas e formas de amar periquitos, galos de briga, corvos até seres de outra espécie como cachorros, macaquinhos, peixes, cavalos. Eu descobri um dia desses que sou uma pombinha, agora posso esperar que um pombinho faça a dancinha pra mim. É gente, quando eu descobri que era uma, fui atrás de saber da palumba (latim do nível mais chique). Descobri que elas encontram um pombinho único na vida, eles se bicam carinhosamente (é o beijo deles) e depois o macho dança para que a fêmea caia de amores; eles acasalam e ela bota em média 3 ovinhos.
                Isso tudo esclarece porque nunca quis casar. Não dava pra casar se não achasse um pombinho. Não queria ser mãe por quê? Porque minha natureza só permitia a mesma espécie. Então hoje já me encontrei. Agora consigo voar e ter a sabedoria de construir meu ninho seguindo a minha natureza. Afinal ninguém vai me amar da mesma forma nunca, mas dessa vez será da certa, porque eu me permito! 
 
Por Paloma Oliveira.

sábado, 31 de março de 2012

É de ônibus que a gente aprende como andar de bicicleta...

    Ontem quando estava indo pro trabalho comecei a pensar em alguns pensamentos que tenho hoje...meio redundante né? Mas é uma espécie de metapensamento. Eu penso demais, acho que chega a ser um problema, porque de repente me vem na cabeça um monte de coisa de doido que nem deveria existir. Coisas indefinidas.
          Daí que olhando pela janela suja do radial 911, às 15h mais ou menos, me veio na cabeça a seguinte pergunta: por que tenho tanto medo de compromissos? Eu começo a me ver como aqueles homens pegadores que 'pegam mas não se apegam', sabe? (com a diferença de que não pego, fico só naquele de 'me deixe quieta'). Mas me vejo enquanto esse tipo de pessoa porque simplesmente a palavra compromisso começa a me dar calafrios só de chegar à primeiridade da semiótica de Pierce; quando aparecem os índices, não deixo que se transformem em ícones e jamais símbolos. Apenas não deixo que se concretizem nos três estágios do pensamento.
      Vou ser mais clara: MEDO. Eis a palavra que traduz, só pode ser isso mesmo. Eu tenho medo, gente, desse tal de compromisso! Sabe você numa rua escura às 23h sem um pé de pessoa? Você espera num mínimo um assalto, né? É desse jeito que me sinto hoje quando penso nessa coisa toda de comprometer-se novamente, acho que vai dar em merda, vou perder alguma coisa de valor como num assalto. Tá tá, já sei que cada história é diferente, mas o que você me diz de três vezes seguidas e sempre um assalto? É no mínimo pra pessoa ficar, como diria minha mãe 'cabrêira', né?
      Daí que tenho medo e resolvi deixar o tempo cuidar disso. Ok, vai aparecer alguém que me faça pensar novamente em um monte de coisa boa? Sem dúvidas. Mas a questão é: eu serei capaz de andar nessa rua escura novamente?
     Acontece que compromisso só servirá pra mim no dia em que eu deixar de enxergar um relacionamento como uma rua escura. A palavra compromisso deverá fazer parte da sua etmologia (com promessa), deverá fazer bastante sentido para ser utilizada novamente por mim.
     Quando estava às boas com minha mãe (vocês bem sabem que é coisa rara) eu perguntei: Mãe, será que eu ainda vou casar? Ela: Com certeza minha filha. Eu: Mas mãe, eu me acho tão diferente que não creio nesse dia.. Ela: Quando você encontrar a pessoa certa vai saber, vai sentir como se não existisse mais ninguém no mundo, só você e ela. Achei tão bonitinho que ela ainda pense assim depois de mais de 30 anos de casada. Achei inocência também aos 55 anos, mas tudo bem, ela não precisa saber de como realmente os fatos aconteceram/acontecem.
      Vejo que de tanto errar o medo de errar ainda tá aqui...sei não, gente, como eu tenho dúvidas dentro de mim, viu? Isso não significa que me impedi de viver um amor, mas é aquilo: parece que amor pressupõe compromisso...aí f*deu porque fica tautológico e volta pro início da questão: o medo de compromissos.
      Às vezes acho que minha vida tá virando aquela dança das cadeiras que a gente briga até o fim com todo mundo, mas termina uma cadeira pra dois e o vencedor termina só! Eu sempre venço nesse jogo e era preu ficar feliz nera? Mas aí vejo que a música para e vai saindo um por um, é uma espécie de metáfora pro amor: A música vai tocando feliz, um monte de gente dançando e sempre que ela para se vai alguém.
    Lembrei de um aniversário que me colocaram pra quebrar a panela e eu bem feliz que quebrei, mas quando tirei a venda dos olhos todas as balinhas foram catadas do chão e eu fiquei de vencedora sem nada...mais uma metáfora infeliz...coisa mais chata!
     O fato é que não sou mais criança nem me convidam mais para aniversários em que preciso ir pra dança das cadeiras ou quebrar a panela. Hoje sou adulta (isso soa tããããããão estranho), mas sou. Sou adulta e não preciso mais brincar de ser vencedora sozinha. Não vou procurar nada, vou deixar que o 'com promessa' se agregue a mim sem que eu perceba o peso do compromisso que é isso tudo. É isso gente, o medo vai embora como quando eu aprendi a andar de bicicleta (boa.. já que foi nas brincadeiras de criança que tirei as metáforas para ilustrar a tristeza de tudo, agora tirarei delas a melhor metáfora para me livrar desse sentimento chatinho): quando eu menos esperei estava com o equilíbrio dentro de mim; consegui parar de ralar o guidom na parede e já estava em perfeito equilíbrio sem que fosse necessário pronunciar a palavra. Matei a questão: quando eu desencostar da parede do medo eu vou internalizar o compromisso como internalizei o equilíbrio e aí sim não será preciso que o entenda porque ele estará dentro de mim!

terça-feira, 27 de março de 2012

Renascer

              Hoje eu vi um vestido 'tipo' renascença e fiquei lembrando dessa renda que nasce na terrinha do meu pai. Quando eu era pequena minha tia Penha tentou me ensinar, mas logo vi que não se aprende um ofício desses num fim de semana. Eu fui metida, porque sabia uma laminha de tricôt. Mas o que?  
              Tia Penha no auge dos seus 80 sambava na cara da humildade. Tinha mãos fininhas, delicadas e calejadas de tanto trabalho. Ela me dizia que trabalhava para a fábrica, vendia as coisas baratinhas em troco do reconhecimento de uma boa rendeira. Eu tinha pensamentos marxistas à época e não entendia porque o mundo funcionava desse jeito. Por que havia uma fábrica, um dono e tanta gente humilde calejando os dedos em troco de 70 centavos por peça produzida?
             Meu pai, na sua infinita sabedoria, explicou que para esse dono ser dono ele calejou tanto ou mais suas mãos, que ele conhecia a história; que não era todo mundo que nascia esnobando. Nessa hora, aos 14, 15 anos de idade eu fui aprendendo a relativizar as coisas. Escutei a historinha que ele tinha pra me contar desse senhor, fiquei meio boba, admirando a determinação dos adultos.
            Me voltei os olhos para tia Penha e deixei de ver nas mãos cansadas a tristeza, passei a ver como determinação de um modo distinto. Afinal, ninguém tem o mesmo objetivo na vida, o de tia era fazer a rendinha dela, lembrar do amor Chatô, cuidar de olhar o leite fervendo com o orgulho de quem nunca derramou uma gota do fogão, dar conselhos às sobrinhas netas: "Não imagine (pense) não minha filha, que quem imagina não casa"... Até hoje penso que sempre 'imaginei' demais kkkk por isso minhas amigas casaram e eu não kkkkk. E tinha também o orgulho de nunca ter tomado nada gelado: "Nunca experimentei essa tal de pedra de gelo  na minha vida todinha!".
           Penso hoje que o objetivo do dono da fábrica podia ser o de ascender, ter uma família quem sabe, ajudar os outros com a produtividade dele. Nunca se sabe...nem o conheço, mas como achava naquela época 'deveria conhecer' para me desligar de alguns preconceitos que tinha/tenho, não é verdade?
           O que sei é que tia Penha não via a vida como eu via naquela época. Para ela a graça da vida era sorrir, levar um ventinho na porta e receber a família de outra cidade com um olhar alegre e largo. Lembro que voltei pra Campina Grande achando que tinha feito a melhor amiga: minha tia de mais de 80 anos. Num único fim de semana, através do bordado na almofada ela me ensinou valores que se entranharam em mim. Não vou esquecer de como Chatô, o amor que ela levou para toda a vida, chegou em sua casa e ela já sabia que o amaria eternamente. Bom saber que esses amores de verdade existem e foram bem vividos! Também não esquecerei que posso ficar velhinha e meiga praticando a gentileza e sendo delicada com as pessoas (tá eu sei que sou bruta, mas sei ser amável também). Do que lembrarei eternamente é que assim como esse tipo de renda: renascença, minha tia renasce em mim quando penso na vida. Ela e sua larga sabedoria de quem imaginou!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dias de reflexão


Esse texto é para você que já conhece o tudo de mim....
....à vontade para entrar nesse buraco sem fim  


             Como você sabe estou num mundo novo para mim. Na verdade, começo a achar que estou entrando numa espécie de vida nova em que novos conceitos se agregam e antigos se confirmam ou se descartam.
                Dos que se agregam penso num saldo positivo de reinício de confiança na vida. Todo relacionamento que entro e saio, seja de amizade, seja de namoro, seja profissional, eu costumo pesar numa balança e observar o que continua na minha bagagem e o que se esvai. Eis que, desta vez, farei meu balanço geral por escrito. Tal como um testamento, nele deixarei o que podem herdar de mim e dele tirarei o que não se precisa para a mediocridade.
                Para que no fim não haja um gosto amargo, começarei aqui mesmo pelo saldo negativo de meus últimos seis anos de vida. Não sei por onde começar, mas acredito que a origem de muitas angústias deva ter um princípio; algo que a partir disto desencadeou uma série de atitudes mal tomadas (ou pouco pensadas...que seja). Penso bem se esse princípio veio de dentro de mim, desse órgão latente que é o coração. Acho que já me aproximo da origem.
                Começo a lembrar do inverno de 2005 quando eu tinha 19 anos e me achava muito dona de si. Fiz uma viagem para Goiás, minha primeira viagem longa sem meus pais. Na época eu estava começando a respirar um de meus sentimentos favoritos: a liberdade. Nessa viagem conheci algumas pessoas que passariam rapidamente por minha vida e outras que permaneceriam por pelo menos 3 anos.  Desse inverno, lembro bem como se fosse hoje, trouxe os ventos secos e gelados dessa cidade.
                Eu tinha alguém que magoava constantemente. Quando não achava suficiente eu dava um jeito de magoar mais. Não era proposital. Falta de experiência quem sabe. Essa pessoa fez parte de um crescimento espiritual, de uma autodescoberta, mas nesse inverno quis fazer dela chuva e a deixei escorrer pelos dedos.   Parti para uma nova fase da vida e nessa nova fase fiz tudo quase do mesmo jeito. O nome ‘nova’ parecia mais com atual do que nova. Disso hoje tiro minha primeira lição: não há como entrar em nova vida se as concepções permanecem velhas.
                Perdurei por 3 anos sendo transmutada em algo que minha essência não permitia. Sofri por ser privada de coisas que gostava, sofri em nome de um amor possessivo e punitivo. Errei muito, mas meu julgamento teve juiz, júri e condenação. Na época não achava que pudesse piorar. Mas já diria a velha guarda ‘desgraça pouca é besteira e desmantelo só presta grande’.
                Isso me faz pensar no erro. Quando erramos perdemos a capacidade de autocrítica. Fechamos os olhos e não observamos que o erro é algo que afeta a você e a outras pessoas. Talvez se passe que isso possa acontecer, mas nunca se sabe a dimensão temporal de um erro. Então...foi na sucessividade de erros que fui deixando que minha autoestima se abalasse. Aos poucos fui deixando o egocentrismo alheio e jurista tomar conta até dos meus gestos. Os amigos de longa data não reconheciam nas minhas palavras a amiga de sempre e assim fui me afogando no mar de tristeza.
                Um belo dia acordei decidida a me retomar, me reinventar. Cansei de um amor que só era desamor e fui em frente, dei o passo que homens bobos são incapazes. Pus um ponto final. Como quem conhece bem meu trajeto sabe que não foi fácil esse desvencilhamento; sabe bem do estigma que a festa de São João se tornou quando decidi não olhar pra trás; sabe das sucessões de problemas e novos desafios a enfrentar; sabe também da minha incapacidade de fazer valer a Lei Maria da Penha que tanto defendi no meio acadêmico, mas que quando se transpôs pra vida real se tornou Lex non est textus sed contextus.
                Passada essa fase observei que deveria mudar e dessa vez não apenas de par, mas de concepções e assim o fiz. Voltei a ser Paloma autônoma, recuperei grande parte da autoesima que havia perdido, estava radiante, feliz enfim. Mas já dizia Joseph Climbler: “A vida é uma caixinha de surpresas”. Exatos seis meses após o início desse sonho fui privada de sentidos e inteligência, como Misael na ‘Tragédia brasileira’, e quase vi minha escolha em decúbito dorsal. Mas, como na vida as nossas próprias atitudes nos superam eu me surpreendi e diante de tanta dor eu encontrei a esperança de uma flor no asfalto.
                No início fui acometida de uma esperança dolorosa, com o passar dos meses a vingança veio em mente. Tinha uma meia de dúzia de amigos a par da situação. Alguns de fé e força que se dispunham a me ajudar independente da minha decisão. Certa vez, um sabendo de minhas dores e pesadelos terríveis me disse com exatas palavras:

27/09/09
sim, só mais uma coisa (nada que você já não saiba):
você quer parar, beleza, terá meu apoio do mesmo jeito que teria se quisesse continuar, isso é fato. Mas se realmente quiser fazer isso, procure realmente esquecer tudo a respeito, até mesmo parar com os pesadelos (sei que pode não ser fácil).
porque pior do que alimentar um sentimento é deixá-lo reprimido, seja ele bom ou ruim.
"Live and let die!"
- Paul McCartney

                Eu conseguia tirar forças e arrancar o orgulho do peito de um modo que não me reconhecia. Passei de fase em fase: dor, choro, arrependimento por algumas atitudes que não tive, de nojo, asco, carinho, pesadelos, voltava à dor, esquecimento repentino, desdesejo, perda de esperança no casamento, em filhos, tudo foi se consolidando na minha inflexível mente e me sentia dentro do “Caso do Vestido”, de Drummond. Assim fui vivendo meus últimos três anos de forma negativa.
                No início falei que para tudo há saldo negativo e positivo. Vamos aos positivos...sempre que puder olhe pro seu passado e veja o que aprendeu com ele e  a aprendizagem por mais dolorosa que seja é um meio positivo de encarar a vida. O que eu aprendi?
Aprendi que se uma pessoa nunca errou com ninguém ela pode errar justamente com você. Não que a lei de Murphy lhe persiga, mas em relacionamentos somos todos humanos, portanto suscetíveis dos piores erros. Não ache que encontrou seu príncipe ou sua princesa e que eles continuarão santinhos. Pela experiência de vida é mais fácil encontrar alguém que errou feio e se arrepende do que quem nunca errou, porque de fato quem já errou sabe o tamanho da dor que causa uma grande decepção, mas quem nunca errou pode querer provar a sensação nova e aí baby você pode ser a cobaia desse teste. Mas o que isso tem de positivo? Tem que você pode ser mais esperta e ver o quanto de humanidade tem em cada pessoa e que no fim das contas a única errada não é você!
Aprendi coisas simples do tipo não associe cantores e músicas fixamente a pessoas, porque depois vai dar um trabalhão desvincular a imagem e o coitado do artista não tem nada a ver se você foi corno ou se bateram em você. Chega a ser engraçado, mas pense bem se não tem aquela música que você nem quer escutar mais porque lembra aquele momento com aquela pessoa que você quer esquecer?
Procure saber o mínimo de passado da pessoa com quem você pretende ter alguma coisa. Não que você não deva tomar conhecimento de ex e alguns rolos mais sérios, afinal em algum momento você saberá da existência dessas pessoas, mesmo sem querer. Mas falo de saber de um passado do tipo ficha completa, saber exatamente cada pessoa que passou pela vida dele/a. Esse tipo de coisa não ajuda a fluir. É como se ficasse um eterno zunido no seu ouvido: Olha o perigo, ele/a vai voltar. É interessante saber como as pessoas que passaram pela vida de quem atualmente está do seu lado contribuíram para ela ser como é no hoje. No mais, nomes e fisionomias não vão mudar o que ainda estar por vir.
Fez parte do meu aprendizado que o passado não é só o passado enquanto você deixar que seja parte do presente. Explicarei: Sabe aquilo que te aconteceu há 6 anos? Esse aquilo vai voltar, não importa. O que vai diferenciar é como você vai encarar essa volta. Comigo, hoje, aconteceu da pior forma. Nunca que eu pensei que um erro aos 19 iria se colocar cara a cara com os 25. Ele veio justamente por não haver previsibilidade. Da primeira vez esse erro ressurgiu quando eu estava com 22 e eu lidei da pior forma: culpada e errada por tudo, baixei a cabeça e deixei meus últimos 3 anos me fazerem infeliz porque todas as desgraças do mundo (até a morte da Dercy Gonçalves) tinham a ver com isso.
Aprendi que só posso ser hoje quem eu sou pelos erros. Se faria tudo de novo? Muita coisa sim, mas tudo não, afinal tem erro que é tão erro que não vale a pena errar de novo só para aprender. Hoje sou alguém melhor, amanhã serei mais ainda e termino com palavras do mesmo amigo que me ajudou em 2009:

e pare de se preocupar com essas coisas do passado!
não sei ao certo a imagem que você tem de si mesma depois de tudo isso, mas você não é nenhum monstro. A gente brinca que somos Sith, mas na verdade não conheço nenhum Jedi melhor que você!”

Sejamos Jedi por dentro e Sith por fora porque o bem vence o mal, mas só vencemos àquilo que conhecemos e para vencer o mal dentro de nós é necessário que o bem se misture a ele.

Paloma Oliveira