sábado, 31 de março de 2012

É de ônibus que a gente aprende como andar de bicicleta...

    Ontem quando estava indo pro trabalho comecei a pensar em alguns pensamentos que tenho hoje...meio redundante né? Mas é uma espécie de metapensamento. Eu penso demais, acho que chega a ser um problema, porque de repente me vem na cabeça um monte de coisa de doido que nem deveria existir. Coisas indefinidas.
          Daí que olhando pela janela suja do radial 911, às 15h mais ou menos, me veio na cabeça a seguinte pergunta: por que tenho tanto medo de compromissos? Eu começo a me ver como aqueles homens pegadores que 'pegam mas não se apegam', sabe? (com a diferença de que não pego, fico só naquele de 'me deixe quieta'). Mas me vejo enquanto esse tipo de pessoa porque simplesmente a palavra compromisso começa a me dar calafrios só de chegar à primeiridade da semiótica de Pierce; quando aparecem os índices, não deixo que se transformem em ícones e jamais símbolos. Apenas não deixo que se concretizem nos três estágios do pensamento.
      Vou ser mais clara: MEDO. Eis a palavra que traduz, só pode ser isso mesmo. Eu tenho medo, gente, desse tal de compromisso! Sabe você numa rua escura às 23h sem um pé de pessoa? Você espera num mínimo um assalto, né? É desse jeito que me sinto hoje quando penso nessa coisa toda de comprometer-se novamente, acho que vai dar em merda, vou perder alguma coisa de valor como num assalto. Tá tá, já sei que cada história é diferente, mas o que você me diz de três vezes seguidas e sempre um assalto? É no mínimo pra pessoa ficar, como diria minha mãe 'cabrêira', né?
      Daí que tenho medo e resolvi deixar o tempo cuidar disso. Ok, vai aparecer alguém que me faça pensar novamente em um monte de coisa boa? Sem dúvidas. Mas a questão é: eu serei capaz de andar nessa rua escura novamente?
     Acontece que compromisso só servirá pra mim no dia em que eu deixar de enxergar um relacionamento como uma rua escura. A palavra compromisso deverá fazer parte da sua etmologia (com promessa), deverá fazer bastante sentido para ser utilizada novamente por mim.
     Quando estava às boas com minha mãe (vocês bem sabem que é coisa rara) eu perguntei: Mãe, será que eu ainda vou casar? Ela: Com certeza minha filha. Eu: Mas mãe, eu me acho tão diferente que não creio nesse dia.. Ela: Quando você encontrar a pessoa certa vai saber, vai sentir como se não existisse mais ninguém no mundo, só você e ela. Achei tão bonitinho que ela ainda pense assim depois de mais de 30 anos de casada. Achei inocência também aos 55 anos, mas tudo bem, ela não precisa saber de como realmente os fatos aconteceram/acontecem.
      Vejo que de tanto errar o medo de errar ainda tá aqui...sei não, gente, como eu tenho dúvidas dentro de mim, viu? Isso não significa que me impedi de viver um amor, mas é aquilo: parece que amor pressupõe compromisso...aí f*deu porque fica tautológico e volta pro início da questão: o medo de compromissos.
      Às vezes acho que minha vida tá virando aquela dança das cadeiras que a gente briga até o fim com todo mundo, mas termina uma cadeira pra dois e o vencedor termina só! Eu sempre venço nesse jogo e era preu ficar feliz nera? Mas aí vejo que a música para e vai saindo um por um, é uma espécie de metáfora pro amor: A música vai tocando feliz, um monte de gente dançando e sempre que ela para se vai alguém.
    Lembrei de um aniversário que me colocaram pra quebrar a panela e eu bem feliz que quebrei, mas quando tirei a venda dos olhos todas as balinhas foram catadas do chão e eu fiquei de vencedora sem nada...mais uma metáfora infeliz...coisa mais chata!
     O fato é que não sou mais criança nem me convidam mais para aniversários em que preciso ir pra dança das cadeiras ou quebrar a panela. Hoje sou adulta (isso soa tããããããão estranho), mas sou. Sou adulta e não preciso mais brincar de ser vencedora sozinha. Não vou procurar nada, vou deixar que o 'com promessa' se agregue a mim sem que eu perceba o peso do compromisso que é isso tudo. É isso gente, o medo vai embora como quando eu aprendi a andar de bicicleta (boa.. já que foi nas brincadeiras de criança que tirei as metáforas para ilustrar a tristeza de tudo, agora tirarei delas a melhor metáfora para me livrar desse sentimento chatinho): quando eu menos esperei estava com o equilíbrio dentro de mim; consegui parar de ralar o guidom na parede e já estava em perfeito equilíbrio sem que fosse necessário pronunciar a palavra. Matei a questão: quando eu desencostar da parede do medo eu vou internalizar o compromisso como internalizei o equilíbrio e aí sim não será preciso que o entenda porque ele estará dentro de mim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário