sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sem glória?


Cheguei em casa sem saber o nome do filme que tinha acabado de assistir no cinema. Estranho, diante do impacto que ele causou em mim e na platéia. Com exceção do meu namorado, que cochilou numa das cenas aparentemente sem sentido (o que eu não ousaria repetir em se tratando de Tarantino), o pequeno público do ‘famigerado’ Multiplex 5 aplaudiu o longa Inglourious basterds (2009), com comentários positivos e, como não poderia faltar, aquele quê de “Já sabia que ia gostar”.

A trilha sonora lembra Pulp Fiction (1994), mas o roteiro me parece mais bem articulado e, por mais que Tarantino tenha previsibilidades – como dar papéis importantes a loiras ‘exóticas’, belezas estranhas mesmo –, não posso deixar de comentar que sua sacada final não será esquecida.

A história se ambientaliza na França de 1941, ocupada por nazistas, com judeus amedrontados, como a família de Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), pela perseguição dos olhos do coronel Hans Landa (Christoph Waltz). O diferencial do longa, dentre tantos que abordam a Segunda Guerra Mundial, é o desvio da norma do ‘fazer historinhas’ em que Judeus são cruelmente massacrados. Em Inglourious basterds o judeu passa de mocinha a bandido num piscar de olhos e falar mais que isso sobre a história do filme seria pecado mortal.

Contando com Brad Pitt e o espanhol Daniel Brühl – o mesmo do filme Salvador (2006) e Good bye Lenin! (2003) –, o elenco não deixa a desejar e seguramente o espectador não verá as duas horas e meia da trama passar, a menos que este seja meu namorado.

domingo, 25 de outubro de 2009

O câncer no pêssego

Depois de um tempo de Dedicação à literatura Paraibana, volto ao blog novamente com José Antonio Assunção. O poeta é vivo, mas às vezes sinto letras mortas em sua poesia. Não se pode examinar e diagnosticar o que exatamente um homem sente ao escrever "o câncer no pêssego"(Dizem à boca pequena que o poeta admirava sua amada deitada, nua, no sofá quando vê em sua perna um furúnculo e não admite que uma pele (pêssego) tão macia e perfeita possa ter um furúnculo (câncer) tão asqueroso). O livro é complexo, profundo, denso. O que diríamos de um subtítulo não menos enigmático como “o exercício de Sísifo”? Tanto existencialismo e inquietação não se seriam melhor expressos que no poema abaixo:


Paris-Texas

Algum dia sonhei Paris.
Ver a Torre Eiffel de Paris
o museu do Louvre de Paris
les fleurs des Champs-Elisées de Paris.

Depois conheci Drummond, li
Pessoa, Borges, Camus
e de algum modo fui (sem ver Paris)
o errático Rimbaud, sem tempo de Utopia.

O sentimento do mundo vinha adiposo com Bibi
mercador das flores do tédio onde aprendi
que o homem é êxule Sísifo,
estrangeiro em Paris como em qualquer lugar.

Hoje, já não sonho Paris; vivo o Texas,
Dante. Aos olhos de um homem em crise
toda geografia é o mesmo acidente.

ASSUNÇÃO, José Antonio. O câncer no pêssego. João Pessoa: Idéia, 1992.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mais poesia



Lendo "O homem artificial", de Braulio Tavares (escritor paraibano), me sinto mais inquietada diante desse universo literário que descubro. Como nos últimos dias leio muitas coisas sobre a identidade do homem, o homem e sua relação com a literatura e consigo, selecionei esse poema que não deixa a desejar em se tratanto de estética e, sobretudo, em se tratando da conexão homem-questionamento:

Teogonia¹

Cada homem faz um deus
à sua imagem e semelhança;
esse deus é, dentro dele,
incêndio e dança.

Assim como um paraíso
em cada homem um inferno
como ele: impreciso
como ele: eterno.

Cada homem traz guardado
no lugar onde faz sonhos
o rosto oculto e sagrado
do seu demônio.

Cada deus vive num homem
e esse homem quase o alcança
e um dos dois só morre
quando o outro cansa.



¹ Extraído de: TAVARES, Bráulio. O homem artificial. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999, p. 21.

domingo, 9 de agosto de 2009

"Apenas começando..."

Vejo que além vida, além terra, além amor, além amar, está tudo "apenas começando"... como diria meu mais novo afilhado.

Lembrei, portanto, diante desse começo, de um poema do paraibano José Antonio Assunção:

POSSE

Quem diz amor, diz posse.
(O lençol dos nubentes
dissimula fósseis.)

Quem diz amor, diz fácil;
e o sentimento em ágio
cristaliza-se, calcário.

Quem diz amor, diz nada:
que o amor, amor
não cabe em palavra.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Aos anos (quase perdidos)!

2004, o ano das realizações. Sentia que talvez um dia fosse delegada ou advogada; usaria terninho e salto, mas com pouco mais de uma semana tive a sensação de que estava fora do meu mundo. Todas aquelas palavras complicadas (jurisprudência, inconsti-tu-cionalidade) me tiravam o gosto por entender o universo jurídico. Assim foram chegando os professores e cada um teve um papel importantíssimo para que eu começasse a pensar em um dia fazer parte de um corpo docente de uma licenciatura em Direito...imaginam que era um mais motivador que o outro..digamos que alguns deram aquele escarro de catarro de 7 dias na LDB! Estudava (ou melhor dizendo, freqüentava) na sala do Mangueirão. Perfeita! Duas entradas, logo: duas saídas. Entrávamos pela frente e...em 10 minutos, saíamos para conversar por trás.



2005, o segundo ano de curso. Ainda tinha a sensação de que mudaria o mundo, mas pouco a pouco a ilusão de que essa mudança adviria do Direito foi sendo apagada. A turma que ainda era unida se reunia nas casas para eventuais festinhas de maior aproximação, com pouco tempo isso se apagaria da memória de quase todos.



2006, aqui já estávamos numa fase de que muitos já sabiam o que não queria para si. E eu definitivamente contestava a decisão de meus pais...sentia que boa parte do meu tempo era perdido. Mas por outro lado via que se um dia tivesse filhos, seria capaz de compreender suas decisões. Assim fui levando...



2007, nesse ano lembro de alguns poucos escândalos na faculdade...coisa normal. Nesse ano decidi que não participaria de baile de formatura. Vi que muita gente de Direito entra nesses eventos apenas para mostrar à sociedade que (se antes não fazia parte, agora) faz parte da elite campinense. Comecei a abrir o olhos diante desse mundo do direito egoísta, vi que boa parte de meus colegas sairia em dois anos lutando por direitos e não por justiça. Senti, portanto, que não era meu destino lutar pelo direito e que para fazer a justiça acontecer não era necessário estar no meio judiciário.



2008/2009, chego enfim ao ano final. O que mudou? O que aprendi? Se lhes disser que não ficou nada estaria cometendo um grave erro, estaria me intitulando “burra em potencial”. Afinal, aprendemos com tudo e por todos os lugares por onde passamos. O CCJ foi palco de grandes mudanças, sobretudo psicológicas, na minha vida. Foi lá que tive aulas intensas de como ‘não ensinar’. Aprendi os três mandamentos da didática pura dos professores (advogados, procuradores – longe de serem os da felicidade -, juizes) frustrados:
1° Não deixarás o aluno pensar! (De modo algum deixe que o aluno veja que é capaz de ser agente de um mundo melhor. Deixe que apenas perceba que é capaz de decorar para passar em qualquer concurso para que possa ganhar muito dinheiro)
2° Positivistas já! (Que o aluno jamais enxergue o Direito como ciência. O Direito não se mistura com outras disciplinas “Compre batom, compre batom”.)
Defendi minha monografia (e posso lhes dizer que literalmente DEFENDI) diante de uma banca que bem representou meu curso inteiro: de um lado dois opostos – os olhos verdes do direito positivista e o olhar louco da ciência e de outro, toda minha paixão pela literatura junto do meu ideal de futuro. Nesse dia, em especial (26/06/2009), sai da faculdade sem olhar pra trás com um misto de tristeza profunda, por não ter levado mais de lá, e felicidade ímpar, por apesar de não ter levado nada, ter deixado muito de mim.





Obviamente em todo canto tem gente boa e reconheço que tombei com alguns poucos professores de competência inquestionável. Esses são meu fio de esperança. Sairei do CCJ acreditando que muito é possível, mas que realmente fui vencedora por passar meus últimos 5 anos me reinventando num mundo que antes de eu não caber nele, nunca coube em mim!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Es más complejo que he pensado…





Después de tanto tiempo sin escribir nada, me comprometo delante de un rato observándolo que no está el horno para bollos…sentirse así es un reflejo de que la vida es más que efímera, es una condición de tu estado de espíritu. Vivir en perfecto equilibrio es una tarea tan imposible cuanto fingir que no te duele el alma cuando ves que el pasado no se borra, sobretodo, aquel cuyos los errores fueron determinantes para que estés donde estás.
Ahora, me veo en un tiempo de ponderación sobre este pasado que no se convierte más. Estoy en búsqueda de la sabiduría para que la felicidad sea lo más importante objetivo de mis pensamientos. Sé que mucho de lo que pasé fue parte integrante de mi crecimiento y que no ha lo que volver. Por eso, dejo unas pocas palabras que traigo arraigadas en mi cabeza a algunos días: “No es que todo le haga semejar, pero, a veces, eres tu que no quieres olvidar”.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Dez poemas diferentes

Com tanto tempo dedicado às preocupações, travei as palavras que mal chegavam à metade da garganta. Mas hoje, depois de ver a simplicidade do poeta e cantor Santanna, ao interpretar “Dez poemas diferentes”, percebi que nem todas as palavras devem ser minhas. A música vale por si e mostro a vocês trechos que traduzem aquilo que tomo como filosofia de vida:

"Dez Poemas Diferentes (Composição: Marrom Brasileiro)

(...)Pois quem acredita em Deus,
Não tem medo da escuridão
Aprende que quem faz o mal
só merece perdão.
Perdão que é o perfume da flor
do abraço contra a solidão,
sorisso no rosto e a bondade estampada nas mãos.

P'ra cada mentira que um dia suportei,
em mim uma verdade falava docemente.
(...)Pergunte pr'o seu coração,
se fez pensando em receber
se a gente pode ser feliz vendo o outro sofrer.
Pergunte p'ro seu coração,
se foi certo o passo que deu
porque se a gente melhorar vence você e eu."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quitanda ou Quintana?


Eu nunca fui fã daquelas de se rasgar por um livro de Quintana, eu até riscaria nele (de grafite) e abriria a uns 91°... Chamava-o de "Quitanda"...devo ter lido profundamente uns dois ou três poemas, no máximo.
Sempre achei, e ainda Acho que ele é meio clichê; um escritor de frasesinhas de auto-ajuda e pelo que percebo hoje é o campeão de “quem sou eu” no orkut.
Na verdade, creio que as pessoas que se acham profundas me fizeram enojar o poeta.
Mas enfim, encontro (mais um de auto-ajuda) algo que não nega o caráter pedagógico, porém que eu não desprezaria a título aplicação nas nossas vidas. Precisamos de um pouco dessa baboseira para pensar nas nossas atitudes:

"Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois"

Mário Quintana

segunda-feira, 11 de maio de 2009


Inacreditavelmente ganhei dois sorteios na mesma semana.
O primeiro foi duma rifa de história na UFCG que meu colega me vendeu por R$ 1,00 (um livro)
E o segundo foi o sorteio (de graça)(um kit brinde da avon com gloss e uma amostra de perfume o pipoco!) do site: www.mysecretclosetbrecho.blogspot.com

Interessante é que as coisas chegam de onde menos se espera.
Quisera eu que os sorteios da vida, daqui para frente, sejam tão generosos comigo.
*besos a todos!!

domingo, 15 de março de 2009

Aos mestres-cucas!

Todo mundo diz que quando vai se aproximando o fim do curso a turma fica mais nostálgica, com ares de arrependimento por ter brigado mais que amado. Bem...não seria surpresa para os que me conhecem se eu dissesse que para mim não há nostalgia. Ou melhor, essa turma traz um traço particular: Ninguém brigou (ou quase ninguém), mas ninguém amou. Não falo das 'patotinhas', 'panelinhas' - como queiram nomear-, mas de amor em conjunto. Há dias atrás eu falava com alguém sobre o tal texto do orador na aula da saudade...ser orador há 5 anos atrás para mim seria um presente, uma vitória. Hoje talvez apenas motivo para afrontar umas poucas almas bizarras das quais convivi por esses (quase) vazios anos.
Então, escrevo aqui a dedicatória a cada um que recebeu meu "Bom dia!" (e não se sintam excluídos os que não retribuíam esse gesto de educação doméstica. Não os culpo por seus pais não lhes terem ensinado que há coisas mais importantes que o status):


Saudade de quê?

Aos mestres-cucas!

Vamos aos doutores do ensino (porque se teve outra coisa que me ensinaram bem ali foi a não ter ética [Essa eu explico em 'Aos anos (quase) perdidos']. Nem todos foram ruins, também tiveram as tragédias. Começo por aquele que deve ter sido professor de qualquer um que passou pelo CCJ (sem nomes ...não cheguei a ser contaminada por completo com o vírus 'desprezo da ética'):

(TGE): Com ele aprendi muita coisa. A primeira delas foi gazear aula na cantina. Outra foi que Getúlio Vargas era um apreciador nato de café e que andava a cavalo. Por falar em café, lembro duma situação em que ganhei não menos importante título de Miss TGE por ter recebido uns elogios com direito a convite para um café na cantina bicentenária de seu Jadir. Mas deixemos o coitado em seus últimos tremeliques ...
(Sociologia): O que dizer de alguém que falava da Teoria do Superman? O que dizer de alguém notavelmente desequilibrado? Não gastarei tantas palavras...
(Introdução): A professora dita ‘gostosa’, falava mais de sua vida pessoal que qualquer outra coisa. Politiqueira, nos introduziu num mundo em que a aparência é tudo: um modelo de óculos a cada aula, corpo malhado, enfim...
(Direito Romano): Eu não lembro disso, mas uma amiga diz que lembra dos primeiros dias de aula quando a professora tremia com as fichas nas mãos...vou confessar: até hoje procuro o quão essencial foi essa disciplina na minha vida.
(Metodologia): Aqui nem sei como começar...desde o início já se ouvia falar da professora pegadora do CCJ. 52 anos com cara de 39... ‘pegou’ uns tantos conhecidos. Fumante. Tive certo contato, mas não deixou boas impressões, apenas umas baforadas de nocotina.
(Administrativo): Proporcionou-me um dos dias mais empolgantes das idas ao CCJ – uma quase briga-de-galo com o professor de (Processo Penal.): O ser mais ignorante que conheço. No início era engraçado – a favor da pena de morte – na continuidade, bizarro! Não acredita no amor, deixou o cabelo crescer e se veste como o ‘boy do celular’. Ah, um dia desses disse que o capeta estava entre nós (o trio inseparável). Também adora Rodrigo, uma figura folclórica da turma.
(Família): E por falar em seres bizarros...digo que nesta disciplina aprendi que família é uma instituição mais que falida: é sofrida! Que homem não presta e que casamento só serve pra dar dor de cabeça. É isso aí, meu povo, descobri meses depois que a ministrante tinha sido abandonada pelo noivo no altar...(sem mais comentários).
(TGP): Peeeense! Esse foi meu fardo. Professora de decorebas ARG! Tive que decorar o livro de Ada Pelegrini. Quando paguei a disciplina, senti que já podia ir pro céu! Agüentei o capeta em vida.
(Internacional Privado): “Menina, você já leu Le petit prince?” “Já!” “Então explique essa citação...”. Digamos que este foi o ser mais temido da faculdade. Todos iam pra final, alguns conseguiam seguir adiante..outros não. Mas como aquela turma tem uns desvios de sorte: o pobre professor teve um ataque do coração e teve que nos deixar no começa ainda ..uma pena!
(Estágios e um pedaço curto de Internacional Privado): Um ser tosco! Ele até sai do meu conceito de bizarro que é mais ameno. Estranho. Praticamente um personagem do Family Guy. Fiz uma prova, tirei 5,0. Falei para ele que ia pedir revisão e misteriosamente meu 5,0 se transformou em 9,0!
(Sucessões): Frase célebre: “Purque mãinn...”. De bem só falava da mãe, de resto do ses passado com prostitutas e bebedeiras. Lembro da vez em que foi 'impedido' de continuar freqüentando o La Paloma e hoje tem cadeira cativa em certo restaurante elitizado da Rua Treze de Maio (sempre está na varanda tomando seu uísque diário) Até hoje tem raiva porque teve a transferência da sua filha negada da Facisa para lá. Dou até razão, porque nesse caso foi perseguição ao sujeito antipático que ele é...soube de casos que filhas de coordenadoras conseguiram essa transferência ilegal junto com adiantamento de curso sem problema algum...CCJ, fazer o quê?

(continua)