Depois de um tempo de Dedicação à literatura Paraibana, volto ao blog novamente com José Antonio Assunção. O poeta é vivo, mas às vezes sinto letras mortas em sua poesia. Não se pode examinar e diagnosticar o que exatamente um homem sente ao escrever "o câncer no pêssego"(Dizem à boca pequena que o poeta admirava sua amada deitada, nua, no sofá quando vê em sua perna um furúnculo e não admite que uma pele (pêssego) tão macia e perfeita possa ter um furúnculo (câncer) tão asqueroso). O livro é complexo, profundo, denso. O que diríamos de um subtítulo não menos enigmático como “o exercício de Sísifo”? Tanto existencialismo e inquietação não se seriam melhor expressos que no poema abaixo:
Paris-Texas
Algum dia sonhei Paris.
Ver a Torre Eiffel de Paris
o museu do Louvre de Paris
les fleurs des Champs-Elisées de Paris.
Depois conheci Drummond, li
Pessoa, Borges, Camus
e de algum modo fui (sem ver Paris)
o errático Rimbaud, sem tempo de Utopia.
O sentimento do mundo vinha adiposo com Bibi
mercador das flores do tédio onde aprendi
que o homem é êxule Sísifo,
estrangeiro em Paris como em qualquer lugar.
Hoje, já não sonho Paris; vivo o Texas,
Dante. Aos olhos de um homem em crise
toda geografia é o mesmo acidente.
ASSUNÇÃO, José Antonio. O câncer no pêssego. João Pessoa: Idéia, 1992.
Nenhum comentário:
Postar um comentário