quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mais poesia



Lendo "O homem artificial", de Braulio Tavares (escritor paraibano), me sinto mais inquietada diante desse universo literário que descubro. Como nos últimos dias leio muitas coisas sobre a identidade do homem, o homem e sua relação com a literatura e consigo, selecionei esse poema que não deixa a desejar em se tratanto de estética e, sobretudo, em se tratando da conexão homem-questionamento:

Teogonia¹

Cada homem faz um deus
à sua imagem e semelhança;
esse deus é, dentro dele,
incêndio e dança.

Assim como um paraíso
em cada homem um inferno
como ele: impreciso
como ele: eterno.

Cada homem traz guardado
no lugar onde faz sonhos
o rosto oculto e sagrado
do seu demônio.

Cada deus vive num homem
e esse homem quase o alcança
e um dos dois só morre
quando o outro cansa.



¹ Extraído de: TAVARES, Bráulio. O homem artificial. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999, p. 21.

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