sábado, 4 de outubro de 2008


“Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava, o que a boca não diz, o que a mão não escreve?”, assim Bilac nos inspira: Quem há de exprimir o que se sente, o que quase não se fala? As palavras que como larvas que saltam para dentro da vida, por vezes se mantêm contidas no escuro ralo da garganta; às vezes “Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito: ficam no coração, numa inércia assassina, imóveis e imortais, como pedras geladas” e como são difíceis de pensá-las no tom certo e quase impossível de harmonizar-se com as que vêm de outros timbres. Eis o mistério do equilíbrio: encontrar harmonia na canção do dia! Alguns não percebem o que está diante dos seus olhos e o que na superfície textual é mera insignificância acaba jogado na gaveta da escrivaninha ou do esquecimento. A problemática não é apenas achar o certo, mas conseguir que a canção seja tocada na hora, tom e ritmo recíprocos. E como saber quando acontece? Faze como o próprio Bilac faz com as estrelas: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas".

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